Arquivo da categoria ‘Iara Félix’

Uma mulher de 30 anos foi presa na madrugada desta quinta-feira (3) suspeita de tentar matar os filhos de sete e nove anos, em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com a Polícia Militar (PM), por meio de uma denúncia anônima, os vizinhos relataram que uma criança gritava por socorro.

Ao chegar ao local, as crianças estavam sendo agredidos na rua pela mãe com mordidas e pedradas, informou a PM. A mulher foi presa em flagrante por tentativa de homicídio, segundo a polícia.

A polícia ainda informou que as crianças estavam com lesões pelo corpo e tiveram que ser encaminhadas para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII (HPS), em Belo Horizonte. De acordo com a PM, a suspeita foi atendida em uma policlínica em São Joaquim de Bicas.

A PM disse também que o médico da unidade de saúde afirmou que a mulher pode ter problemas mentais. Ela foi levada para o Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam) em Betim, na Grande BH. No centro, um funcionário informou que ela foi transferida para uma unidade de assistência da prefeitura. O G1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de São Joaquim de Bicas e aguarda retorno.

Neta agride avô de 79 anos com pedaço de madeira em MT, diz polícia

A denúncia à polícia foi feita pela mãe da suspeita e filha da vítima.
Aposentado teve ferimentos no braço e foi levado ao Pronto-Socorro.

Uma jovem de 20 anos foi detida pela Polícia Militar suspeita de agredir o avô de 79 anos usando um pedaço de madeira nesta quarta-feira (19) em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. De acordo com informações da polícia, a vítima teve ferimentos no braço esquerdo e foi levada ao Pronto-Socorro Municipal para atendimento.

Ao chegar à residência da família, localizada no bairro Santa Luzia, no município, a mãe da suspeita informou que a filha e o avô estavam discutindo quando a jovem atacou o aposentado. A mãe disse ainda que a suspeita é usuária de drogas.

Comprovada a agressão, a polícia deu voz de prisão à suspeita e a encaminhou à Central de Flagrantes da Delegacia Municipal de Polícia Civil. Ainda segundo a polícia, ela deverá responder pelo crime de lesão corporal.

20/10/2011 09h16 – Atualizado em 20/10/2011 09h16

Mulher suspeita de esfaquear marido é denunciada pela filha, diz PM

Ela foi presa em flagrante na porta de casa, em Betim, na Grande BH.
Homem ferido foi encaminhado para o hospital.

Uma mulher foi presa em flagrante na porta de casa após esfaquear o marido na madrugada desta quinta-feira (20) no Bairro Parque das Acácias, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Militar, a filha do casal foi quem ligou para denunciar que o pai teria sido esfaqueado pela mãe.

A Polícia Militar em Betim informou que vizinhos relataram que o motivo da agressão foi uma discussão entre o casal. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) prestou socorro. Ele foi encaminhado para Hospital Regional de Betim com três facadas no tórax, informou a PM.Até o momento da publicação desta matéria, a assessoria de imprensa do hospital não havia informado o estado de saúde do homem ferido.

A mulher foi autuada em flagrante na Delegacia de Plantão de Betim e depois levada para o Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) Centro-Sul de Belo Horizonte.

Na realidade a Personalidade Anti-Social pode ser considerada, por alguns autores, como sinônimo da Sociopatia, visto imediatamente antes. Entretanto, preferimos discorrê-la separadamente. Isso facilitaria uma maior compreensão conceitual e a possibilidade do Transtorno Anti-social ser algo mais ameno que a Sociopatia, embora da mesma família. Veja a Personalidade Anti-Social nos Transtornos da Linhagem Sociopática da Personalidade. Segundo o CID.10, Personalidade Anti-Social é um Transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais e falta de empatia para com os outros. Haveria um desvio considerável entre o comportamento e as normas sociais estabelecidas, sendo que esse comportamento não seria modificado pelas experiências adversas, inclusive pelas correções e punições. Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo limiar de descarga da agressividade, inclusive da violência. Existe também, na Personalidade Anti-Social, uma tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a sociedade. O CID.10 considera a Personalidade Anti-Social como sinônimo de Transtorno Amoral da Personalidade, Transtorno Associal da Personalidade, Personalidade Psicopática ou Sociopatia. Sendo assim, o tema é mais extenso e complexo do que refere o CID.10. Por isso preferimos subdividí-lo para melhor compreendê-lo.
Segundo o DSM.IV, a característica essencial do Transtorno da Personalidade Anti-Social é um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que inicia na infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta.Uma vez que o engodo e a manipulação são aspectos centrais do Transtorno da Personalidade Anti-Social, pode ser de especial utilidade integrar as informações adquiridas pela avaliação clínica sistemática com informações coletadas a partir de fontes colaterais.Para receber este diagnóstico, o indivíduo deve ter pelo menos 18 anos e ter tido uma história de alguns sintomas de Transtorno da Conduta antes dos 15 anos. O Transtorno da Conduta envolve um padrão de comportamento repetitivo e persistente, no qual ocorre violação dos direitos básicos dos outros ou de normas ou regras sociais importantes e adequadas à idade. Os comportamentos específicos característicos do Transtorno da Conduta ajustam-se a uma dentre quatro categorias: agressão a pessoas e animais, destruição de propriedade, defraudação ou furto, ou séria violação de regras. O padrão de comportamento anti-social persiste pela idade adulta. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Anti-Social não se conformam às normas pertinentes a um comportamento dentro de parâmetros legais. Eles podem realizar repetidos atos que constituem motivo de detenção (quer sejam presos ou não), tais como destruir propriedade alheia, importunar os outros, roubar ou dedicar-se à contravenção. As pessoas com este transtorno desrespeitam os desejos, direitos ou sentimentos alheios. Esses pacientes freqüentemente enganam ou manipulam os outros, a fim de obter vantagens pessoais ou prazer, podem mentir repetidamente, usar nomes falsos, ludibriar ou fingir. As decisões são tomadas ao sabor do momento, de maneira impensada e sem considerar as conseqüências para si mesmo ou para outros, o que pode levar a mudanças súbitas de empregos, de residência ou de relacionamentos. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Anti-Social tendem a ser irritáveis ou agressivos e podem repetidamente entrar em lutas corporais ou cometer atos de agressão física, incluindo espancamento do cônjuge ou dos filhos.
Os atos agressivos cometidos em defesa própria ou de outra pessoa não são considerados evidências para este quesito. Eles podem engajar-se em um comportamento sexual ou de uso de substâncias com alto risco de conseqüências danosas. Eles podem negligenciar ou deixar de cuidar de um filho, de modo a colocá-lo em perigo. Por tudo isso, os indivíduos com Transtorno da Personalidade Anti-Social também tendem a ser consistente e extremamente irresponsáveis. O comportamento laboral irresponsável pode ser indicado por períodos significativos de desemprego apesar de oportunidades disponíveis, ou pelo abandono de vários empregos sem um plano realista de conseguir outra colocação. Pode também haver um padrão de faltas repetidas ao trabalho, não explicadas por doença própria ou na família. A irresponsabilidade financeira é indicada por atos tais como inadimplência e deixar regularmente de prover o sustento dos filhos ou de outros dependentes. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Anti-Social demonstram pouco remorso pelas conseqüências de seus atos. Eles podem mostrar-se indiferentes ou oferecer uma racionalização superficial para terem ferido, maltratado ou roubado alguém. Esses indivíduos podem culpar suas vítimas por serem tolas, impotentes ou por terem o destino que merecem; podem minimizar as conseqüências danosas de suas ações, ou simplesmente demonstrar completa indiferença. Estes indivíduos em geral não procuram compensar ou emendar sua conduta. Eles podem acreditar que todo mundo está aí para “ajudar o número um” e que não se deve respeitar nada nem ninguém, para não ser dominado.

SOCIOPATIA

A escala de valores do sociopata é tão precária (ou inexistente) que eles próprios sociopatas se consideram predadores sociais, e geralmente sentem expressivo orgulhosos disto. Normalmente eles não têm o tipo mais comum de comportamento agressivo explícito das pessoas comuns. Eles costumam dissimular perfeitamente a intenção agressiva e violenta, normalmente atendo-se à intimidade doméstica ou agindo sorrateiramente. Trata-se, de fato, de uma agressão predatória, comumente acompanhada por excitação mínima do sistema Nervoso Autônomo (são frios) bem planejadas, intencionais e pouco emocionais.O diagnóstico da sociopatia pode ser feito ainda na infância ou adolescência. Inicialmente ela começa com delinqüência infanto-juvenil. No DSM.IV a sociopatia da infância e adolescência é classificado como Transtorno do Comportamento Disruptivo, no subtipo Transtorno da Conduta. Na CID-10 também aparece com o nome Transtornos de Conduta e está subdivididos nos seguintes tipos:

1- Transtorno de conduta restrito ao contexto familiar;
2- Transtorno de conduta não-socializado;
3- Transtorno de conduta socializado;
4- Transtorno desafiador de oposição;
5- outros e não especificado
A característica essencial do Transtorno da Conduta é um padrão repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros ou normas ou regras sociais importantes apropriadas à idade. O DSM-IV também subdivide o Transtorno de Conduta em alguns tipos principais:

1. a conduta agressiva, aquela capaz de causar ou mesmo ameaçar danos físicos a outras pessoas ou a animais;
2. a conduta não-agressiva, causadora de perdas ou danos a propriedades e;
3. a defraudação ou furto que reflete sérias violações de regras.
O padrão delinqüencial de comportamento costuma estar presente em varias circunstâncias, tais como em casa, na escola ou comunidade e as informações necessárias à anamnése devem ser colhidas com familiares ou outros informantes, tendo em vista o fato desses indivíduos tenderem a minimizar seus problemas de conduta. Esses pacientes infantis ou adolescentes costumam exibir um comportamento de provocação, ameaça ou intimidação, traduzindo um comportamento agressivo e reações também agressivas aos outros. Não é raro que eles provoquem lutas corporais, usem alguma arma capaz de causar sério dano físico (desde pedra, canivete, pedaços de pau até armas de fogo).

Outra característica dos delinqüentes é a capacidade de serem fisicamente cruéis com pessoas ou animais, de roubarem e de forçarem alguém a manter atividade sexual consigo. Desta forma, quando adolescentes, a violência física pode assumir a forma de estupro, agressão ou, em certos casos, até de homicídio. A destruição deliberada da propriedade alheia também é um aspecto característico do Transtorno de Conduta, assim como o incendiarismo, a depredação, a quebra de vidros de automóveis e o vandalismo. Mentir ou romper promessas para obter vantagens ou complacência do ambiente ou para evitar débitos ou obrigações também é freqüente. O Transtorno de Conduta (que é o sociopata infantil) freqüentemente se inicia antes dos 13 anos e muitos pacientes começam o quadro permanecendo fora de casa até tarde da noite, apesar de proibições dos pais, fugindo de casa durante a noite ou outros tipos de desobediência às normas, sejam elas domésticas ou escolares. O DSM-IV é cauteloso quanto às fugas, não considerando para diagnóstico os episódios de fuga que ocorrem como conseqüência direta de abuso físico ou sexual contra o paciente. Alguns autores preferem a denominação de Delinqüência para o Transtorno de Conduta, muito sugestiva, apesar de pouco honrosa. As condutas provenientes deste transtorno são normalmente mais graves que as travessuras comuns das crianças e adolescentes. Legalmente o termo “delinqüência” refere-se à transgressão das leis normativas de um determinado lugar por pessoa abaixo de determinada idade definida (16, 18 ou 21 anos). O mesmo ato praticado depois desta idade denomina-se crime. Percebe-se então, que o termo “delinqüência” pode não completar a idéia atrelada aos Transtornos de Conduta, já que muitos atos praticados têm apenas um caráter ético, não jurídico. A CID-10 caracteriza os Transtornos de Conduta por um padrão repetitivo e persistente de conduta anti-social, agressiva ou desafiadora. Para o diagnóstico devemos levar em conta a época do desenvolvimento da criança, ambiente, cultura, tragédias, exclusão, baixa-estima, discriminação. Crises de birra, por exemplo, são comuns até aos 3 anos e não devem servir de base para este diagnóstico. Como exemplos de comportamentos válidos para o diagnóstico temos o seguinte:

1 – níveis excessivos de brigas;
2 – crueldade com animais;
3 – mentiras repetidas;
4 – destruição de propriedades;
5 – comportamento desafiador e;
6 – desobediência persistente.
7- Analisar tais atos acima como Lazer (brincadeiras)
Crianças sociopatas manifestam tendências e comportamentos que são altamente indicativos de seu distúrbio. Por exemplo, eles são aparentemente imunes a punição dos pais, e não são afetados pela dor. Nada funciona para alterar seu comportamento indesejável, e conseqüentemente os pais geralmente desistem, o que faz a situação piorar. Os sociopatas violentos mostram uma história de torturar pequenos animais quando eles eram crianças e também vandalismo, mentiras sistemáticas, roubo, agressão aos colegas da escola e desafio à autoridade dos pais e professores.

Os critérios para diagnósticos do Transtorno de Conduta infanto-juvenil do DSM-IV são os seguintes:
A. Um padrão repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros ou normas ou regras sociais importantes apropriadas à idade, manifestado pela presença de três (ou mais) dos seguintes critérios nos últimos 12 meses, com pelo menos um critério presente nos últimos 6 meses:

Agressão a Pessoa e Animais
(1) freqüentemente provoca, ameaça ou intimida outros
(2) freqüentemente inicia lutas corporais
(3) utilizou uma arma capaz de causar sério dano físico a outros (por ex., bastão, tijolo, garrafa quebrada, faca, arma de fogo)
(4) foi fisicamente cruel com pessoas
(5) foi fisicamente cruel com animais
(6) roubou com confronto com a vítima (por ex., bater carteira, arrancar bolsa, extorsão, assalto à mão armada)
(7) forçou alguém a ter atividade sexual consigo
Destruição de Propriedade
(8) envolveu-se deliberadamente na provocação de incêndio com a intenção de causar sérios danos
(9) destruiu deliberadamente a propriedade alheia (diferente de provocação de incêndio)
Defraudação ou furto
(10) arrombou residência, prédio ou automóvel alheios
(11) mente com freqüência para obter bens ou favores ou para evitar obrigações legais (isto é, ludibria outras pessoas)
(12) roubou objetos de valor sem confronto com a vítima (por ex., furto em lojas, mas sem arrombar e invadir; falsificação)
Sérias Violações de Regras
(13) freqüentemente permanece na rua à noite, apesar de proibições dos pais, iniciando antes dos 13 anos de idade
(14) fugiu de casa à noite pelo menos duas vezes, enquanto vivia na casa dos pais ou lar adotivo (ou uma vez, sem retornar por um extenso período)
(15) freqüentemente gazeteia à escola, iniciando antes dos 13 anos de idade.
B. A perturbação no comportamento causa prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.
C. Se o indivíduo tem 18 anos ou mais, não são satisfeitos os critérios para o Transtorno da Personalidade Anti-Social.

Quanto a gravidade o Transtorno de Conduta pode ser:
1 – Leve: poucos problemas de conduta, se existem, além daqueles exigidos para fazer o diagnóstico e os problemas de conduta causam apenas um dano pequeno a outros.
2 – Moderado: número de problemas de conduta e efeito sobre outros são intermediários, entre “leve” e “severo”.
3 – Severo: muitos problemas de conduta além daqueles exigidos para fazer o diagnóstico ou problemas de conduta que causam dano considerável a outros.
Transtornos de Conduta

O Transtorno de Conduta, típico de crianças, adolescentes e jovens, se caracteriza por um padrão repetitivo e persistente de conduta anti-social, agressiva ou desafiadora, por no mínimo seis meses (CID10). Esse transtorno, quando em seu maior extremo, produz violações importantes das expectativas sociais apropriadas à idade do indivíduo e, portanto, é mais grave que as tradicionais travessuras infantis ou rebeldia normal de um adolescente. O Transtorno de Conduta parece preocupar mais os outros do que a própria criança que sofre da perturbação e, nestes, são comuns o uso regular do fumo, bebidas alcoólicas ou drogas e comportamento sexual precoce. O portador do Transtorno de Conduta pode não ter consideração pelos sentimentos, desejos e bem estar dos outros, demonstrando isso através de comportamento insensível, faltando-lhe um sentimento apropriado de culpa e remorso, sobrando assim o sentimento de diversão. Na realidade, conceitualmente, devemos ter em mente que o Transtorno de Conduta é o correspondente infantil daquilo que aprendemos como sociopatia ou Transtorno Anti-Social. Os pacientes com esse transtorno podem viver acusando seus companheiros, tentando culpá-los por suas ações. A auto-estima está usualmente baixa, embora a pessoa possa projetar uma imagem de dureza. Pouca tolerância à frustração, irritabilidade, explosões temperamentais e negligência provocativa são também características freqüentes. Outros sintomas de ansiedade e depressão, além da redução da auto-estima, são comuns e podem justificar o diagnóstico adicional desses estados. Anteriormente, antes dessa febre demagógica do politicamente correto, essas crianças e adolescentes eram diagnosticados como Delinqüentes. O Transtorno de Conduta tem importância clínica, devido ao grande número de encaminhamentos psiquiátricos, intercorrências judiciais, policiais e sociais motivados por comportamentos anti-sociais e agressivos. Normalmente o comportamento anti-social da infância costuma ser precursor de comportamento anti-social no adulto. É incomum encontrar comportamento anti-social adulto na ausência de uma história de transtorno semelhante ou delinqüência na infância, por isso a importância de pesquisas acadêmicas acerca da GEOGRAFIA CULTURAL , atrelados à oferta de lazer adequado monitorado. A não diminuição destes comportamentos problemáticos à medida em que o tempo passa tem sido visto como um mau prognóstico para a socialização adulta normal (Alto Índice de Violência em Áreas de Periferia) Embora algum comportamento delinqüencial e rebelde seja relativamente comum durante a adolescência, trata-se de um modismo ou ocorrência própria da faixa etária. Felizmente, apenas um pequeno percentual desses jovens se tornará infrator crônico depois de adulto. Para o diagnóstico do Transtorno de Conduta, recomenda-se a ocorrência persistente e repetitiva de um número variável das características abaixo:
1. Roubo sem confrontação com a vítima em mais de uma ocasião (incluindo falsificação).
2. Fuga de casa durante a noite, pelo menos duas vezes enquanto vivendo na casa dos pais (ou em um lar adotivo) ou uma vez sem retornar.
3. Mentira freqüente (por motivo que não para evitar abuso físico ou sexual).
4. Envolvimento deliberadamente em provocações de incêndio.
5. Gazetas freqüentemente na escola (para pessoa mais velha, ausência ao trabalho).
6. Violação de casa, edifício ou carro de uma outra pessoa.
7. Destruição deliberadamente de propriedade alheia (que não por provocação de incêndio).
8. Crueldade fisica com animais.
9. Forçar alguma atividade sexual com ele ou ela.
10. Uso de arma em mais de uma briga.
11. Freqüentemente inicia lutas físicas.
12. Roubo com confrontação da vítima (por exemplo: assalto, roubo de carteira, extorsão, roubo à mão armada).
13. Crueldade física com pessoas.
Quanto a classificação do grau de gravidade os critérios são:
Leve – poucos ou nenhum problema de conduta a mais daqueles exigidos para o diagnóstico, e os problemas de conduta apenas causam pequenos danos aos outros.
Moderado – número de problemas de conduta e efeito nos outros, intermediário entre leve e grave.
Grave – Os problemas de conduta causam danos consideráveis a outros, p.ex.: graves lesões corporais às vítimas, amplo vandalismo ou roubo, ausência prolongada de casa.  Existem estudos que mostram evidências de que certos tipos de violência episódica podem estar associados à alguns transtornos do sistema nervoso central. Muitos jovens seriamente perturbados podem revelar alterações disrítmicas do sistema nervoso central. Uma das ocorrências co-mórbidas ao Transtorno de Conduta mais comumente encontradas é a chamada Hiperatividade com Déficit de Atenção.
O quadro de Transtorno de Conduta tem sido considerado de mau prognóstico, tendo em vista não haver tratamento efetivo especifico para ele, muito menos um olhar multidisciplinar.
Episódio Maníaco
Um Episódio Maníaco é uma das fases do Transtorno Afetivo Bipolar, durante a qual existe um humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável. A perturbação do humor deve ser acompanhada por pelo menos três sintomas adicionais de uma lista que inclui:
auto-estima inflada ou grandiosidade
necessidade de sono diminuída,
pressão por falar
fuga de idéias
distratibilidade
maior envolvimento em atividades
agitação psicomotora
envolvimento excessivo em atividades prazerosas (MA)
O humor no Episódio Maníaco pode ser irritável, ao invés de elevado ou expansivo. Essa perturbação afetiva costuma ser suficientemente severa para causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou ocupacional ou para exigir a hospitalização, ou é marcada pela presença de aspectos psicóticos.
O Episódio Maníaco não deve decorrer dos efeitos fisiológicos diretos de uma droga de abuso, como por exemplo a cocaíma, álcool ou maconha, de um medicamento, como por exemplo os redutores do apetite ou outros tratamentos somáticos para a depressão.
O humor elevado de um Episódio Maníaco pode ser descrito como eufórico, incomumente bom, alegre ou excitado. A qualidade expansiva do humor é caracterizada por entusiasmo incessante e indiscriminado por interações interpessoais, sexuais ou profissionais. Embora esse humor elevado seja considerado o sintoma prototípico, a perturbação predominante do humor pode ser irritabilidade, particularmente quando os desejos da pessoa são frustrados. Aí é que entra o potencial agressivo e violento do maníaco.
A auto-estima inflada tipicamente está presente, indo desde uma autoconfiança sem crítica até uma acentuada grandiosidade que pode alcançar proporções delirantes. Os delírios grandiosos no Episódio Maníaco são comuns, como por exemplo, ter um relacionamento especial com Deus ou com alguma figura pública do mundo político, religioso ou artístico).

A fala maníaca é tipicamente pressionada, alta, rápida e difícil de interromper. Esses pacientes podem falar ininterruptamente, às vezes por horas a fio, sem consideração para com o desejo de comunicação de outras pessoas. A fala por vezes se caracteriza por trocadilhos, piadas e bobagens divertidas. O indivíduo pode tornar-se teatral, apresentando maneirismos dramáticos e cantando. Os sons podem governar a escolha de palavras mais do que os nexos contextuais significativos (reverberação). Se o humor da pessoa for mais irritável do que expansivo, a fala pode ser marcada por queixas, comentários hostis ou tiradas coléricas.

O aumento da atividade dirigida a objetivos freqüentemente envolve excessivo planejamento e participação de múltiplas atividades, como por exemplo, atividades sexuais, profissionais, políticas e religiosas. Um aumento do impulso, fantasias e comportamento sexual em geral está presente. A pessoa pode assumir simultaneamente múltiplos novos empreendimentos profissionais, sem levar em consideração possíveis riscos ou a necessidade de completar cada uma dessas investidas a contento. Expansividade, otimismo injustificado, grandiosidade e fraco julgamento freqüentemente levam o paciente com Episódio Maníaco envolver-se imprudentemente em atividades prazerosas tais como surtos de compras, direção imprudente, investimentos financeiros tolos e comportamento sexual incomum para a pessoa, apesar das possíveis conseqüências dolorosas destas atividades. O comprometimento resultante da perturbação pode ser suficientemente severo para causar acentuado prejuízo no funcionamento ou para exigir a hospitalização, com o fim de proteger o indivíduo das conseqüências negativas das ações resultantes do fraco julgamento. Essas conseqüências envolvem perdas financeiras, atividades ilegais, perda do emprego e, inclusive, comportamento agressivo.
Transtorno Psicótico (e violência)
Um dos sintomas mais exuberante e característico dos Transtornos Psicóticos é o Delírio. Há, normalmente, alguma relação entre a psicose franca atual e algum tipo característico de personalidade pré-mórbida. Essa personalidade pré-mórbida problemática dos psicóticos costuma ser do tipo Transtorno Paranóide ou Esquizóide da Personalidade. Esses transtornos de personalidade se caracterizam com acentuado traço de desconfiança, ressentimento, frigidez no relacionamento interpessoal, conforme se pode ver no capítulo dos Transtornos de Psicóticos.
Os delírios nas Psicoses são normalmente de cunho persecutório (de perseguição), ou seja, giram em torno de uma temática de prejuízo, perseguição e referência à pessoa do paciente, são também sistematizados e bem organizados. A idéia de referência do paranóide diz respeito à crença de que o mundo e os acontecimentos têm-no como um ponto de referência, ou seja, ele é observado, ele é perseguido por complôs misteriosos, ele é predestinado a executar um plano de salvação da humanidade, ele detém a capacidade de percepção extra-sensorial, ele é o mais prejudicado, etc.Desta forma, o paciente edifica sua realidade particular e assume neste seu mundo uma posição central servindo de referência aos eventos que se sucedem, como se seu Ego sofresse uma gigantesca hipertrofia. As manifestações de agressividade do paciente paranóide, ainda que incomuns, têm para ele um caráter eminentemente defensivo, contra um sistema que deseja prejudicá-lo, influir sobre ele, roubar seu pensamento, matá-lo através de influências estranhas. Pode haver a sensação de que algo suga suas idéias, bombardeia seus pensamentos com irradiações mágicas ou torna-o vulnerável à espíritos safadinhos.
Como exemplo de agressividade na Psicose, pode-se citar:  Um paciente o qual, mediante seu delírio, sentia-se muito perseguido e prejudicado pelo seu vizinho. Este, segundo o delírio, durante o dia tinha uma corporeidade normal como qualquer pessoa mas, à noite, tomado por um poder sobrenatural, assumia uma forma quase imaterial para poder entrar na casa do paciente por debaixo da porta ou qualquer outro orifício. Neste estado fluido o vizinho entrava em sua casa e se dirigia ao quarto onde o paciente dormia com sua esposa.
Uma vez no quarto, o vizinho reassumia sua forma material e mantinha relações sexuais com a esposa do paciente enquanto ela dormia. Além disso, durante o dia, este mesmo vizinho influía na mente do paciente através de uma espécie de telepatia e, desta forma, descrevia mentalmente ao paciente todos os detalhes eróticos do relacionamento com sua esposa na noite anterior.
Tendo em vista esta tramóia toda, o paciente começou a perceber que todos os moradores da rua já estavam sabendo das peripécias noturnas do seu vizinho e, conforme transitava pelas imediações, percebia os cochichos pouco lisonjeiros da vizinhança a seu respeito.
A mansidão conjugal e apatia de marido traído era pouco tolerada pelos valores culturais de seu meio, despertando no ambiente social à sua volta uma grande animosidade e, conseqüentemente, por onde passava ouvia vozes lhe dizendo: “temos que matar o corno manso”. Por causa disso a vizinhança, lideradas pelo vizinho, estava planejando envenená-lo. Caso eles conseguissem matá-lo, aí sim seu vizinho ficaria “numa boa”. Portanto, o paciente antecipa-se e agride o vizinho com um machado.
Vê-se aí um delírio tipicamente sistematizado, de cunho francamente persecutório e de referência, próprios da esquizofrenia paranóide o qual gerou agressividade entretanto, mais como uma atitude defensiva que ofensiva.

para referir:

Ballone GJ – Violência e Personalidade
“Todo favelado é cúmplice dos traficantes”; “o usuário de drogas é o culpado pela violência das cidades brasileiras”;”todo sociólogo, geógrafo e antropólogo defensor dos direitos do cidadão não entende nada do problema”.Com tal coleção de justificativas, é claro que não fica nada para criticar na ação da polícia nas favelas do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e é claro Vespasiano.
No entanto, nem toda favela tem comando de traficante armado até os dentes; nem toda cidade deste planeta, especialmente nos países onde há muito mais usuários de drogas ilegais, apresenta o quadro de violência do Rio de Janeiro. Finalmente, em outros estados da Federação há colaboração entre a Universidade e a Polícia, entre sociólogos e policiais. Exageros à parte, não aproveitar o conhecimento adquirido por métodos científicos tem nome: obscurantismo. E o que mostram as pesquisas realizadas? Que conflito entre a Falange Jacaré e o Comando Vermelho já existe há décadas, que Gangues entituladas como
“Do Curumim e Caixa d’água”-M.A, continuam atuando sendo fruto de um sistema prisional falho. Este sistema permitiu que prisioneiros mais fortes, ricos e agressivos convivessem, na mesma cela, ala ou prisão, com pequenos delinquentes que sempre foram oprimidos e extorquidos pelos primeiros. O CV surgiu para acabar com esta opressão dentro da prisão nos anos 1970. A Falange virou Terceiro Comando ainda no regime militar, quando o tráfico de cocaína começou a se espalhar pelo Brasil.
Pouco a Pouco, os comandos descobriram que o tráfico de drogas ilegais era uma forma de ganhar dinheiro fácil e continuar a extorquir dos envolvidos, dentro e fora da prisão, tudo aquilo que é necessário para viver bem e dominar quem não for chefe. Inimigos, deixaram os assaltos para se tornarem comerciantes em guerra mortal.
O dinheiro ganho em bocas vai para os líderes dos comandos fora e dentro da prisão. Gerentes, vapores, soldados e olheiros, quando presos, não ganham nada; livres ganham percentual ínfimo dos lucros. Uma “empresa” sem nenhum direito trabalhista. Já há muitos desiludidos que compreendem que se arriscaram para defender o que não era deles.
Nada disso justifica, portanto, que policiais cacem e matem quem deveriam prender para investigar melhor os meandros desta empresa tão lucrativa e tão violenta. Fora os danos à imagem da polícia, há os prejuízos na informação acerca dos fornecedores de armas e drogas que, presos, dariam .
Como pode um policial se apresentar como defensor da lei se viola a lei, seja por se corromper, seja por matar até jovens desarmados? Não se trata de direitos humanos, mas dos direitos civis do favelado, inscrito na Constituição vigente.
A busca de alunos da periferia por escolas superiores de arte tem crescido nos últimos anos, mostrando que a dificuldade de acesso deles a esses cursos é uma realidade que vem sendo desconstruída. A relação próxima de jovens da periferia com projetos sociais é um dos fatores que impulsiona o interesse em conquistar uma formação acadêmica, como explica Warley “Bombi” – Fabiano Santos, 23 anos, grafiteiro, técnico em design gráfico, morador do bairro São Marcos e aluno da Escola Guignard, da UEMG: “Meu interesse pela arte nasceu com o graffiti, em 1999. Mas desde a escola, as outras crianças pediam para eu desenhar para elas e percebi que eu tinha habilidade para isso. Na escola também desenvolvi meu lado político, com o grêmio estudantil. Me apaixonei pelo graffiti, porque eu via e achava interessante, eu tinha muitos amigos pichadores no meu bairro, o que me ajudou a dominar os sprays. A gente fazia tags e nessa época eu sabia que podia ilustrar, mas havia também a dificuldade de comprar sprays. O projeto Arena da Cultura foi o ponto de partida para eu me aprimorar e a pensar na arte como um caminho profissional”.
Já em 2000, Bombi fazia parte da rede de grafiteiros da cidade, quando ouviu numa rádio comunitária um convite para conhecer o projeto “Hip Hop Chama”. Compareceu ao encontro e lá teve contato com outros jovens que discutiam o Hip Hop na capital. A entrada no coletivo permitiu a ele participar de outra iniciativa: o D-Ver-Cidade-Cultural, curso de formação de agentes culturais juvenis, projeto da Faculdade de Educação da UFMG, coordenado por Juarez Dayrell. No curso, além da formação de agente cultural, teve aulas de expressão corporal e artes plásticas, que contribuíram não só para sua formação, como para dar seqüência a seus desejos de seguir o caminho artístico.
Para Gisele Hissa Sasar, diretora da Escola de Design da UEMG, os motivos do crescimento da procura de jovens da periferia pela escola são diversos: “O interesse pelo design aumentou de um modo geral, fruto de uma maior informação sobre a profissão abordada até em programas de televisão. O fato de a UEMG ser uma instituição pública atrai as pessoas da periferia, que têm na escola uma oportunidade de formação profissional superior e gratuita. Este aspecto foi favorecido pelo sistema de cotas implantado na escola desde 2005”, avalia. O sistema de cotas em vigor na UEMG destina 45% das vagas a alunos da rede pública de ensino (20%), afro-descendentes (20%), deficientes físicos e indígenas (5%).
Na Escola Guignard, também da UEMG, o aumento do número de alunos da periferia acontece de maneira ainda discreta, de acordo com a avaliação do diretor Eymar Brandão. “Esses alunos existem num percentual extremamente restrito na escola porque existe uma tendência de que quanto mais carente a área maior a preocupação de obter uma resposta imediata do mercado de trabalho. E nesse mercado das artes plásticas, a resposta acontece em longo prazo. O fato da pessoa ter um diploma, a habilita para a inserção no mercado de trabalho, mas nas artes precisa-se, paralelamente a isso, ter um currículo mínimo de atuação na área que acompanhe essa habilitação. A escola auxilia nos primeiros passos, que são permitir aos formandos fazer exposições e mostras internas com premiações, promovendo, através de nossa galeria de arte, o espaço para profissional iniciante. Mas é importante que fora da escola ele possa dar continuidade a isso para se manter no mercado”, analisa.

No tocante ao mercado de trabalho para os aspirantes a designers, as perspectivas são mais otimistas. Gisele Hissa frisa que o mercado de trabalho para designers encontra-se em franca expansão. “O mercado brasileiro de design está em crescimento sobretudo para atender necessidades de pequenas e micro empresas que, com a nova legislação, serão beneficiadas e poderão trabalhar com as soluções oferecidas pelo design também, assim como as grandes corporações. Atualmente, o mercado de design para pequenas empresas tem sido estimulado pelo SEBRAE e outras instituições que permitem a contratação deste trabalho, facilitando a troca entre jovens da área e clientes.”
Reposta social
A preocupação com a vida profissional dos jovens ligados a projetos sociais revela uma postura diferenciada da dos demais, porque eles desejam dar uma contrapartida à sociedade pela formação que receberam. “Longe de colocar uma postura sonhadora em relação a estes jovens, nós percebemos, claramente, que o trabalho para eles representa mais do que o sustento próprio, representa uma forma de melhorar a sociedade que os cerca, numa proximidade imediata. Esta também é uma motivação para que eles estejam buscando formação superior nas artes e em outras áreas”, opina Gisele Sasar.
A opinião da diretora da Escola de Design é partilhada pelo artista Vanderley Pena Forte, 27 anos, aluno de Design da UEMG, conhecido como Eu. “Um grafiteiro que têm uma formação superior pode levar para as ruas um trabalho melhor e com isso a cidade toda é beneficiada”, exemplifica.
Eu é integrante do grupo de rap Deja Vu, grafiteiro, poeta e fotógrafo. Recebeu formação de ensino fundamental e médio na rede pública e desde pequeno a música e os desenhos o atraíam intimamente. Poeta desde os 15 anos, só pensou em fazer da arte uma profissão quando ligou-se à cultura Hip Hop. “Apesar de não ganhar dinheiro no Hip Hop, foi com ele que comecei a interessar em me profissionalizar artisticamente. Comecei a fazer cursos livres no Projeto Guernica, no Arena da Cultura, de produção e edição de vídeo, no Sesc”, conta. A decisão pelo curso superior de design aconteceu quando terminou o segundo grau. Sem pretensão em passar no vestibular, tentou vários cursos, até que teve um problema de saúde mental e buscou o Centro de Convivência César Campos, onde despertou definitivamente para o papel que a arte ocupa em sua vida, através das aulas de música, argila e pintura que recebeu no local.
Além de artista, Eu trabalha na área social: é arte-educador do Programa Fica Vivo, no qual dá oficinas de grafitti, no bairro Morro Alto, município de Vespasiano. Para Eu, a ocupação de um espaço público, como as escolas superiores de ensino, por jovens da periferia rompe um estigma vigente por muitos anos. “Quando eu entrei na faculdade, três ou quatro colegas se sentiram estimulados a tentar também. Eles viram que era possível. A cada aluno da periferia que conquista uma vaga, forma-se uma rede de pessoas que acreditam que podem fazer um curso superior. Isso para algumas pessoas da periferia é muito distante, mas com exemplos fazemos com que os mais jovens fortaleçam a auto-estima e esse fato por si só já tem uma importância social. Por isso nas minhas oficinas relato para os meninos as dificuldades, minhas vivências e todo o processo até chegar à universidade”, conclui.
Warley “Bombi” tem na função social da arte o norte para o seu desenvolvimento profissional. O jovem que investiu o dinheiro da bolsa do curso de formação de agente cultural num curso técnico de design e foi aluno de um curso pré-vestibular comunitário, revela que pulverizar seus conhecimentos como arte-educador lhe garante maior satisfação pessoal e profissional do que trabalhar para uma agência de comunicação, design ou publicidade. Atualmente, Bombi trabalha em duas ONGs: Associação Imagem Comunitária (AIC), onde é designer gráfico e web e na Corpo Cidadão, no Projeto Sambalelê, no qual é arte-educador e ensina artes-visuais.

O sistema de cotas e as dificuldades do percurso
Como alternativa de democratização do ensino superior, Bombi se posiciona a favor do sistema de cotas para alunos da rede pública e afro-descendentes. “Apesar de não ter sido beneficiado pelo sistema, acredito que se trata de uma medida emergencial e estrutural. Investir no ensino fundamental e médio é uma ótima idéia, mas as pessoas que já passaram pela escola não tem condições de voltar no tempo e conseguir se preparar para o vestibular. É preciso considerar essas pessoas também”, observa. Para Eu, a implantação do sistema de cotas é necessária, mas acredita que a sociedade não está preparada como deveria para essa questão: “Devia haver mais debates sobre as cotas, hoje essa não é uma discussão ampla. Ela fica restrita a estudantes e instituições de ensino, com isso a sociedade não compreende o porquê esse sistema é necessário”, defende.
Manter-se no curso representa ainda outro desafio tão grande ou maior do que conquistar uma vaga, sobretudo nas áreas artísticas, onde o custo do material é alto e somado ao de transporte, xerox, etc., sem contar o tempo reduzido para os estudos em razão do trabalho, ou do longo trajeto enfrentado, atravessando vários bairros, até chegar às escolas. “A gente precisa trabalhar para se manter. Já repeti vários períodos em razão de trabalho. Acontecem diversas dificuldades pelo lado financeiro, de não ter material, transporte. Repetir períodos prejudica a seqüência do curso. Como eu trabalho desde o primeiro período tive dificuldade de interagir em trabalhos de grupo com os outros alunos que ainda não trabalhavam. Os professores compreendem as nossas dificuldades, expandindo prazos de entrega de trabalhos, até porque a Guignard têm uma preocupação social, ela exige que seja feito um estágio em projetos sociais para quem faz licenciatura. Acho que a solução para conter a evasão está em oferecer bolsas para ajudar com os custos dos cursos. O curso de Artes Plásticas, por exemplo, sai muito caro porque precisamos de tintas adequadas, pincéis, papéis específicos, precisamos de ferramentas como goivas, cada aluno precisa ter o seu kit. É um material que não dá para pedir emprestado”, aponta Bombi.

*A foto da matéria é um dos trabalhos de Warley Bombi .

FONTES
Warley Fabiano Santos – Warley Bombi é designer, grafiteiro, arte-educador e artista plástico.
Telefone: 3213-8299 / 9755-5551
Vanderley Pena Forte – Eu é arte-educador do Programa Fica Vivo, grafiteiro e integrante do grupo de rap Deja Vu.

Publicado: 02/03/2010 em Iara Félix, Morro Alto

Deputados querem negociação da Cohab com famílias do Morro Alto

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deslocou-se até a Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (Cohab-MG), na tarde desta terça-feira (3/7/07), para intervir em favor de centenas de famílias ameaçadas de despejo no Conjunto Morro Alto, em Vespasiano. O presidente da Comissão, deputado Durval Ângelo (PT), e o deputado João Leite, pediram renegociação individual com as famílias inadimplentes, e se comprometeram a atuar politicamente para que não sejam despejadas.

O presidente da Cohab, Teodoro Lamounier, fez um histórico da situação. Desabrigados pelas enchentes de 1983 foram retirados das margens do Ribeirão Arrudas e transferidos para esse conjunto localizado em Vespasiano, assinando um contrato de financiamento habitacional que lhes dava o benefício de cinco anos sem pagar prestação. Muitos não quiseram ir. Outros se mudaram pouco tempo depois, transferindo o imóvel informalmente para novos ocupantes.”A situação atual, decorridos 24 anos, é que a maioria não são os mutuários originais. Das 1.676 unidades, 477 estão com os contratos quitados e 426 famílias estão em dia com as prestações. A dívida dos 516 inadimplentes, sem juros de mora, soma R$ 28 milhões. Há 350 mutuários que não pagam há mais de seis anos”, informou Lamounier. O deputado João Leite, embora reconhecendo que a Cohab não pode abster-se de cobrar na Justiça, propôs um entendimento mais favorável com as famílias devedoras.

Negociação com os atingidos da Linha Verde foi democrática

Questionados pelos deputados, os técnicos da Cohab informaram que a prestação média dos devedores é de R$ 28, mas algumas chegam a R$ 400, alcançando esse valor no início da década de 90 pela combinação perversa entre inflação desenfreada e arrocho salarial. O deputado Durval Ângelo deu exemplos de vários casos de reajustes por critérios absurdos, e lembrou que as famílias foram transferidas sem negociação. “Hoje precisamos negociar em tempos de democracia, como fizemos na Linha Verde, em que os direitos e o livre arbítrio foram respeitados”.A líder comunitária Edméia Souza  ponderou que, na época, os moradores das margens do Arrudas foram transferidos para o Morro Alto em caminhões do Exército, sem direito de protestar, e argumentou que o dinheiro para remoção de mocambos, favelas e palafitas vinha a fundo perdido do governo federal. Ela quer condições favoráveis para quem puder quitar os financiamentos e anistia para os que não tiverem condição nenhuma.Os deputados deixaram claro que não defendem o calote, mas que advogam em favor dos mais pobres. Quem puder pagar, que seja cobrado na Justiça. Saíram da reunião com a promessa de que, durante a negociação individual, as ações de despejo ficam suspensas. Ocorrendo o pagamento, serão anuladas.