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NEGRIARA

Uma grande parte das Mulheres que ingressam no Sistema Prisional Feminino carrega consigo reflexos negativos, como por exemplo: – Crises Emocionais, resultantes de experiências vivenciadas sofridas e diversificadas.

Entre estas, há um percentual considerável de Mulheres Encarceradas, no País, com comprometimentos emocionais, e, sérias sequelas.

Consequências adversas,
resultantes de barbáries, reviventes de condições impensáveis…
Enfim, situações inenarráveis, que se dá
em virtudes circunstanciais de natureza gravíssima!
*Nota Breve:
H
istórico de Violências Sofridas –
Sendo:
*

*Algumas nos próprios lares, vítimas de maus-tratos, abusam de todas as naturezas, bem como incitação ao uso, consumo de drogas ilícitas (própria, ou de familiares, e terceiros).

Indizivelmente, sendo em grande escala, práticas traumáticas, sofridas, choradas e adquiridas, “por elas” que entre outros tantos: – *– Pela obrigatoriedade, terror e medo, que forçosamente, viabilizam “concessões e facilidades”; *– Em razão de direcionado discurso, repleto de manifestação que propõe reflexão, a fim de advertir, alertar, comunicar, sobre possíveis inseguranças, conhecidas desconhecidas. *– Que possa ou não, ter sua veracidade, podendo, contudo, ofertar credibilidade, atentando-se: *-Fato de estar sendo foco ou não de ameaças, pressão e/ou opressão… *– induzindo o acesso e checagem com integração à divulgação por nossos veículos enviados e distribuídos. *– Encaminhamento de maneira ágil, facilitando o acesso às notícias e, possibilitando de desconhecimentos, em razão das inobservâncias, quanto às possíveis consequências, necessidade de exercitar possibilidades variadas e legalmente inadmissíveis.

Relatos retratados por confidencias e desabafos que focam Históricos de violências sofridas…

*Violências estas, abrangentes, onde algumas ocorrências:

– Deram-se nos próprios lares,
– Tornando algumas, vítimas de maus-tratos…
– Submetidas a abusos de todas as naturezas,
– bem como incitação ao uso, consumo de drogas ilícitas (própria ou de familiares, e terceiros).
Considerações:

Obviamente que tais fatores, não significam que estas situações, possam ser consideradas como as grandes responsáveis pela criminalidade ou pela entrada da mulher no sistema prisional.

Endossar dando veracidade a tal afirmação seria informação absurda, inviável e comprometedora, o que não diz respeito a nossa forma de trabalhar, agir e exercer nossos papeis com respeito e ética.

Uma vez que, ignorar a trajetória de uma parte imensa e extensa de mulheres que viveram e vivem em condições extremas, vitimadas pelas mais intensas historias que reúnem violências, abandono, isolamento, miserabilidade, e agressão em um único contexto, e nem por isso, delinquiram, ou entraram para o mundo do crime.

Por: *Elizabeth Misciasci

Podemos entender é que a condição de pessoa presa, tanto pela impossibilidade de ir e vir, sob uma “assistida, estreita e limitada liberdade”, quanto pelas arbitrariedades, abusos e sevícias que ocorrem muitas vezes até mesmo dentro de determinadas unidades prisionais, (em situações específicas, esporadicamente ocasionadas até pelas próprias apenadas entre si), constitui mais um elo contínuo e sequêncial de múltiplas violências, que acabam delineando a trajetória de uma parte da população feminina. Isto, sem entrar no mérito físico, que trata das péssimas condições de moradia, falta de trabalho, desestrutura quanto ao acolhimento, enfim.

Castigadas por este contexto primitivo e impetuoso, que se traduz mediante escarmento, extensamente em contínuas agressividades, muito mulheres se adéquam. Uma vez que, sem pressupor a possibilidade de outra forma de vida, transformam-se em protagonistas, vítimas de historias perversas, que atravessam o tempo e suas etapas “costumeiramente normais” (que seriam normais, se fossem em outras circunstâncias) seguindo um fluxo “natural” (natural apenas sob uma sequelada e ingênua ótica), mas, que, no entanto, atipicamente, sobrepõe à regra…

 Restando somente às protagonistas, vivenciar esperançosos os episódios dessa trama, onde cada ato exige plena coragem de suas personagens para que, vivam e sobrevivam aos próximos capítulos, escritos por mãos impiedosas, onde o crudelíssimo é um constante e definitivo pano de fundo.  

Amordaçada nesta corrente, perpetuando fereza no longo trajeto, iniciado ainda no útero materno. Atravessando a infância, a adolescência, à juventude, precocemente vitimando a menina, pela agressividade persistente no seio familiar, sendo continuamente ferida com a brutalidade capaz de arrancar gotas de sangue derramando-as pela estrada da vida; seguindo a um atípico casamento, envolto numa falsa redoma, capacitando desumanamente o aprisionar, que tornou refém, a jovem noiva, foi transformando um contexto, caracterizando o circulo inescrupulosamente vicioso


Um
ciclo de violência, que por natureza, comprovadamente inserida pela existente aptidão ou poder de atração, para tornar-se companheira da fatalidade, chegando finalmente às tradicionais e até então (na ocasião) barbáries praticadas por policiais, ofertando mais elos capazes de aumentar a inquebrável corrente da dor, dando-nos a convicção que essa, se completaria na inclusão penitenciária.

Proporcionando-nos a crença, que este processo formado pelo circulo vicioso, certamente persistiria, acentuando-se nas galerias dos cárceres…

Porém, sinalizando que muito provavelmente o recomeço numa nova história, onde estando fora das grades e distante o bastante das muralhas, não era atestado em garantias de que as agressividades vividas por aquela vida, já tão marcada pelo sofrimento e perversidade, não estaria fugaz das adversidades, nem tão pouco, tornaria improvável que este severo círculo vicioso, predestinado atroz, que perseguindo insistentemente a fim de proporcionar muito mais que um padecimento, se findaria.

E assim foi como prenunciado…

O ciclo de violências, (já pressentido e preocupante) recomeçou, desdobrando-se, tal qual antecipadamente prognosticamos. Porém, com o pernicioso agravante de ser habilidoso e apto para estabelecer mais um elo, conseguinte, capaz de compor inúmeros e variados problemas na vida das egressas e ex-reducandas.

Buscando chamar a atenção para a manutenção da população prisional feminina , que por ser muito pequena se comparada à masculina, nunca mereceu, ou recebeu uma atenção específica. A despreocupação de órgãos responsáveis, e do Poder Público, se arrastou e nunca antes, havia se voltado o olhar para a mulher encarcerada.

Sobrando à esta, o descaso, a discriminação, (inclusive dentro da própria comunidade, o pouco voluntariado voltado para a mulher reclusa…) e o abandono extensivo, também do Estado Maior, como elemento desumano e despreparado para com sua prisioneira.


Até então, não se percebia pessoas efetivamente preocupadas em compreender ou contribuir para que a realidade pudesse ser outra, menos indigna.

Assim, os motivos e circunstâncias em que mulheres praticavam crimes se limitavam apenas ao interesse de poucos, (como matéria) á estudos e pesquisas catedráticas.

Ajuda e Empenho… Dificilmente Encontramos!

*Ajuda no sentido de prevenir a criminalidade feminina,
*E
mpenho
para que possamos manter e ampliar projetos, projetos estes especificamente para serem direcionadas as mulheres nas condições de pessoas presas.

Esta é uma realidade que vamos tentando mudar, acreditando na efetiva
colaboração, e Melhorias práticas de fato e de direito para as nossas reeducandas, em seu

Ambiente Carcerário

Por inúmeras vezes, fui muito questionada por pessoas das mais variadas áreas profissionais e classes sociais também diversificadas. **A questão surpreendentemente abordada:**

– Se o ambiente carcerário, é/seria apenas um meio artificial que não permitiria de fato reabilitar a pessoa reclusa.(?)

Assim sendo, com uma opinião não tanto particular, mas sempre deixando claro ser meu ponto de vista. Assim fiz, aliás, é como sempre faço! Minhas colocações, mesmo tendo quem discordasse e discorde, de algumas opiniões. Pois, ainda é esta a minha forma de pensar, e agir, pois é assim que atuo, idealizo, luto e acredito.

Falo, embasada em fatos reais, inclusive, buscando atualizar informações e minhas publicações. São as práticas (não teorias) que me alimentam de notícias e me nutrem para cada vez mais, saber lidar com as mais complexas situações, as tão diferentes pessoas e as especificidades que envolvem conduta carcerária, vínculos familiares, andamentos processuais, enfim.

Afirmar que o ambiente carcerário é um meio artificial que não permite reabilitar pessoa reclusa, sob meu parecer, não é de forma alguma uma afirmativa que pode ser aceita.Mesmo porque, além do fato de cada caso ser um caso isolado, há a personalidade de cada ser humano que se diferencia e unidades bem estruturadas.

Como Jornalista, Humanista, pesquisadora, enfim, atuando diretamente no sistema prisional, com funcionários, diretorias e principalmente com reeducandos, tenho condições de falar com certeza sobre o Sistema Carcerário, por total conhecimento de causa.

Assim como em todas as empresas, as instituições familiares e os mais diversos setores da vida, há regimentos, normas e regras à serem seguidas. É pela existência dessas regras, colocadas em prática, que favorece de maneira positiva o núcleo, provocando a responsabilidade da pessoa em situação de prisão, que em virtude da exigida pontualidade, vão se moldando também sob este prisma.

Essa preocupação demonstrada por quem esta privado da liberdade de ir e vir, é surpreendente, uma vez que, para a maioria da população carcerária, ter um compromisso diário, com comprometimentos regulamentados, e horários a serem honrados, é bem mais significativo do se possa pressumir.

Além da motivação provocada, que não é exigencia cobrada em função de posturas, condutas, proceder ou pelo artigo, ou delito praticado, mais sim, pela conduta responsável em honrar a obrigação contratada.

O fato de ter um(a) reeducando(a) o compromisso contínuo, importante, sendo oportunizado para poucos, e obrigando a se apresentar com pontualidade, além de atribuir missão conceituada como importantíssimo, vai inserindo e incentivando, o respeito e a disciplina.

Pode parecer “tão pouco” ou uma “bobagem sem proveito a ser utilizado!, mas, é por este detalhe, quase nunca observado ou comentado, que a grande massa, adquire mais uma aprendizagem, capaz de moldá-lo, a fim de atrair atenção pelo cotiadiano e compromissos “agendados”.em seus dia-a-dias inclucando, e beneficamemnte inserindo o ser segregado, mais disciplinar siga de forma organizada, tranqüila e funcional, o que chamo de organização operacional.

Claro que cada seguimento, seja ele profissional, pessoal, ideológico, enfim, existem princípios e normas disciplinares que mesmo diversificadas, são necessárias. No mundo ‘entre grades’, estas normas não são diferentes e nem poderiam ser, pois é dentro do ambiente carcerário que se procura educar ou reeducar um indivíduo. Razão até pela qual, são mantidos regimes disciplinares rígidos e até os mais severos, como as Penitenciárias Federais de Máxima Segurança. Educação capacitação e Reabilitação

A Educação assim como o trabalho é mais um aspecto fundamental para a capacitação, profissionalização e reabilitação da pessoa presa. Muitos dos que adentram os presídios para o cumprimento de pena, mal sabem ler ou escrever e dentro do próprio cárcere, concluem seus estudos e adquirem seus certificados, o que resulta de forma positiva e incentivadora, pois muitos não tiveram na rua, esta oportunidade.

O efeito que a Educação pode provocar no indivíduo recluso, já demonstrou ser tão benéfico e fundamental, que hoje, temos vários sentenciados, cursando Universidades e voltando para o presídio após as aulas, o que se torna para muitos uma vida menos problemática e com maiores probabilidades de recomeçar a nova jornada, após o cumprimento da pena.


Outro f
ator que se destacada sendo de máxima valia para a Reabilitação, esta no bom funcionamento de uma Unidade prisional. Propiciando projetos e possibilitando a integração, do todo; seja para a realização eventos, os trabalhos desenvolvidos, (como oficinas culturais, laboratórios).

Pois os projetos sociais e culturais, ensinos religiosos, e empresas, fazem a grande diferença, para a pessoa privada de liberdade. Já que as empresas, oferecem emprego, e capacitam profissionalmente. Enquanto Indubitavelmente, a arteterapia, os projetos e a religião, estimulam, disciplinam e moldam um ser segregado, ofertando tudo para que a pessoa encarcerada encontre um norte e possa se reabilitar dentro da realidade, no mundo extra grades.

Sempre busquei atuar com disciplina e ética, através da minha doação humana, plena, intensa, e dedicada, mantendo o olhar voltado para tudo e paratodos. tentando prestar minha pequenina contribuição à sociedade, que desenvolvo por tanto tempo e de forma voluntária os trabalhos nos cárceres.

e é através destes 25 (vinte e cinco longos anos de intensas emoções, desgastantes situações, degradantes constatações, e decepcionadas lágrimas que em sigilo, silêncio, e silenciando, derramei e tanto derramo…), mas, é também através dos trabalhos que desenvolvo de maneira íntegra, que laços inquebráveis foram firmados e me são raros e preciosos, onde movida de esperanças, crenças e idealizações, sou sonho contínuo… Crédula dedicada e entregue aos desafios que tornam possíveis e bem aventuradas as Realizações! Permanecendo Indiferente ás ofensas, às leigas opiniões e ignoráveis descriminações! Sou feita coração, e assim, caminhando, trilho por estradas paralelas, carregando o especial poder do discernimento, a riqueza da aprendizagem que é a preciosa propriedade intelectual adquirida, e, onde permissiva afirmo segura e orgulhosa a experiência adquirida, vindas inclusive os com retornos impagáveis, pela aptidão da vivida e que ainda vivo desde que passei a atuar em cárceres com o voluntariado em 1987.

*Nota:- Por Elizabeth Misciasci – O texto pode ser copiado, reproduzido, acrescentado em teses, artigos e tccs, trabalhos, pesquisas, desde que não seja alterado, nem mudado o teor e mencionada a autora, endereço e fonte.

 http://www.eunanet.net/beth/news/topicos/informativo9.htm

Estrangeiras detidas no Brasil

Por:- Elizabeth Misciasci

É alarmante, o número de mulheres das mais variadas regiões do mundo, que são abordadas e presas em flagrante delito no Brasil. A maioria das acusações imputadas á estrangeiras, como todos sabem é o tráfico de drogas, “artigo 12 do C.P.B.” (Código Penal Brasileiro); ou o tráfico de mulheres.


No que diz respeito ao crime tipificado como tráfico de mulheres “art. 231 C.P.B.” (Código Penal Brasileiro) a legislação é muito confusa, e no caso de tráfico de crianças, é mais confusa ainda. O citado artigo trata apenas de tráfico de mulheres e não abrange homens nem meninos.


Talvez em virtude da falta de clareza da Lei quanto a estes crimes, perdura uma insistência por parte de alguns em registrar que tais delitos, não são praticados, ou não estão relacionados ás prisões de Estrangeiras no Brasil.
No entanto, já temos mulheres de outras nacionalidades, que configurada a culpa, encontram-se apenadas também por infrações diversificadas.
O preceito existente na obrigatoriedade de alguns consulados, quanto ao cumprimento das ações junto as suas “compatriotas delinqüentes” é temática quase sempre desprezada.


Embora nos cárceres, existam problemáticas generalizadas e sem distinção sexual, há casos de impiedosas ações discriminatórias, e violentas com a massa carcerária estrangeira.
Diante de tais práticas, arbitrarias e cruéis, quando levadas ao conhecimento dos representantes consulados, nem sempre recebem atenção. Mesmo em forma de desesperados apelos, estes, são respondidos pelo agente, com inércia, onde se demonstra um total e costumeiro desinteresse.


Pressupõe-se então, que a estrangeira na condição de pessoa presa, é vista apenas como problema, não só para o Estado, mais principalmente, para os consulados que pouco ou quase nada se empenham na busca de soluções que amenizem os atos tirânicos sofridos, e seus agravantes.


Sem qualquer ação, que possa atender às necessidades básicas, porém, totalmente essenciais de sobrevivência entre grades, as “transgressoras estrangeiras”, diante de uma carência continuada, vão se transformando.
A estadia no cárcere de 60% (sessenta por cento) das mulheres pode provocar nestas, impensáveis mudanças comportamentais (o que consequentemente se estende) sob todos os aspectos, num ciclo que compreende o período do ingresso até sua saída.

Essa alteração de hábito e comportamento é considerada “normal”, pois além de ter que se adaptar a nova condição de sobrevivência, outros importantes e consideráveis elementos interligados, torna-se fatores exclusivamente indispensáveis, para a garantia e segurança da sentenciada, enquanto cumpre sua pena.


Com a existência de “duas leis”, a do Judiciário e a do Crime, (sendo que, a segunda, normalmente é a que aplica as penas mais “pesadas”… e esta, não perdoa erros) as mulheres estrangeiras, tornam-se mais perdidas com uma sobrecarga de sofrimento acentuada, diante de um campo de novas normas que se alastra no mundo do desconhecido.


A partir destas novas normas, propondo, ou melhor, impondo que hábitos, costumes, e experiências passadas, sejam modificados, começa então um processo de perdas, gerados pelas imposições, que devem ser seguidos fielmente, dentro do “proceder” (que significa ética, normas, e comportamentos).

 

A Estrangeira Melanie Wener - Alemã detida no Brasil desde 2004

 


SSe para as mulheres que se encontram, na condição de pessoa presa no próprio País, as regras, são sofridas e de difícil adaptação, para as Estrangeiras, “o proceder” e a sobrevivência é muito mais penoso. Uma vez que, as precariedades, sevícias, abandono, doenças, enfim, vão tornando gradativamente as aprisionadas, em mulheres transformadas, independente do tempo no cárcere (uma vez que existem códigos e condutas, estas servem para todos)…

Assim, “condicionadas as diferentes normas e ao novo tipo de vida” cada uma responde de forma diferenciada. Umas buscam o entrosamento e amizades, visando proteção e amparo. Outras entram em profunda depressão, e não saem de suas celas “jegas” (camas de alvenaria).

Há os casos daquelas que por terem habilidades tanto para a mão de obra, quanto no idioma, conseguem trabalho mais rápido, (o que também é sempre muito difícil) assim, vão remindo pena, e encurtando o tempo de permanência dentro das muralhas. Em contra partida, as mais fracas, e predispostas, mergulham totalmente no universo das drogas, até a morte.

Em razão da facilidade na aquisição de diferentes entorpecentes, bem como a destilação para composição de bebidas e conseqüente fabricação “clandestina” de substâncias químicas variadas, formam-se então dois tipos de perfil do feminil estrangeiro aprisionado.
Não sendo estes “produzidos ou consumidos” exclusivamente pelas estrangeiras, (muito embora, algumas conheçam práticas fáceis para confecções de alucinógenos e derivados) e ensinem as companheiras.

Em virtude da escassez de oficinas de trabalho, a falta de aptidão profissional, as carências e total ausência de ganho em numerários, vão tornando mais difíceis o dia a dia das Encarceradas. Sem ocupação, ou remuneração para suprir despesas cotidianas, vão levando estas mulheres a buscar uma forma de obter renda.

Em especial, as Estrangeiras, após um razoável período no ambiente carcerário, sem visita, sem “jumbo” (compra de produtos autorizados e utilizados nos presídios) e tendo que manter o próprio sustento, como exemplo: O vício do cigarro, a aquisição de produtos como absorventes, xampus, cremes, bolachas, sabonetes, e que há muito se tornaram inacessíveis, embora necessários, levam-nas (algumas) a condição de “comerciantes” com clientela certa.

Pela célere forma na obtenção alta de caixa e lucros, o tráfico interno, é normalmente “empreitada as escusas” utilizadas por muitas, não sendo as Estrangeiras pioneiras na distribuição ou mantenedoras de cartéis que se formam nos Presídios Femininos.

Se por um lado, existe a venda, por outro, o consumo é ainda maior. O que se tem notícia, é que as assíduas consumidoras, além da freqüência na aquisição e o uso excessivo, demonstram desinteresse pelas conseqüências e históricos de autodestruição, com várias ocorrências de tentativas de homicídio em seus prontuários.

As estrangeiras que já cumpriram ou ainda cumprem pena no Brasil, além de passarem por processos difíceis de adaptação, carregam um sofrimento em longo prazo e demoram a aceitarem as condições “legais” que regem a vida dentro dos cárceres bem como o recomeço, fora deles. Normalmente ao ingressarem no sistema prisional feminino brasileiro, evitam amizades ou contatos, desconfiam de todos e ao mesmo tempo em que se discriminizam, também minimizam a massa carcerária. Todas as que não sejam “conterrâneas”.

Portadoras de uma inicial segurança aparente, quando adentram os cárceres são regionalistas ao extremo, poucas entendem nosso idioma, e vice versa, o que agrava o sofrimento, já que não consegue de imediato se expressar. Há muitas, que desafiam as companheiras, com a incessante descrença na Lei Brasileira, o que leva a maioria a usar um jargão comum e conhecido nos mais diversos dialetos “Brasil é terra de ninguém, porque aqui tudo entra, todos podem tudo”…

As que antes não se intimidavam com as leis do Brasil, e acreditavam no amparo oferecido pelo consulado, passam bastante tempo para assimilar e principalmente aceitar as dificuldades (que são muitas), entre estas o abandono, o dialeto, enfim a posteriori discordância da sentença imposta e a ser cumprida.

Assim, levando-se em conta, diversos fatores relacionados, desde as razões que levaram ao delito, à tipicidade deste, a idade, formação escolar e familiar, as aptidões para o exercício da mão de obra no cárcere, enfim, vão mudando a visão e as formas como as estrangeiras passaram o tempo encarcerado… Tudo isso, sem relatar a “costumeira” possibilidade de ter adentrado muralhas em estado de gravidez, e a dificuldade de compreensão e aceitação no que diz respeito à certeira separação.

Em terra alheia, sem nenhuma ajuda ou proposta a ser oferecida, se auto-excluindo, descriminando as companheiras que integram a massa carcerária e aguardando julgamento, a única condição que lhe resta, vem do próprio Estado. Na verdade é difícil vencer a desconfiança de pessoas, quando estas estão numa “instituição total”, ou seja, que têm sua vida totalmente controlada.

Sendo assim, recebem cuidados e o mesmo tratamento que as demais. Sobretudo há uma preocupação maior, e por esta razão, recebem um total e direcionado amparo psicológico, com a observância principal em relação às carências e as necessidades. Para as Estrangeiras desprovidas de recursos, distante dos familiares e sentindo dolorosas carências, a maioria, se utiliza da assistência judiciária gratuita e esta, que deveria ser dos Consulados, chegam completamente e tão somente, pelo Estado brasileiro.

 

Homossexualidade 

A falta da reciprocidade afetiva e solidária dos maridos vai acarretando uma carência afetiva muito grande e, num ambiente exclusivamente feminino, elas acabam se envolvendo umas com as outras.

Há uma estimativa, de que em algumas Penitenciárias Femininas, bem mais da metade das internas “é” ou “está” vivendo suas intimidade como/com homossexual.
Para evitar conflitos as administrações das unidades, admitem remanejamentos na disposição original das reeducandas nas celas.

Assim sendo é normal que as “casadas” durmam em uma mesma cela, um espaço com mulheres na mesma condição. (Isso só se torna impraticável em caso de superlotação).

M.S.A, 34, condenada há 27 anos por “vários delitos”, e A.R.T., 40, com 21 anos de pena por latrocínio (roubo seguido de morte), formam um casal típico nessas condições, uma vez que as duas se conheceram “ali” (em um Presídio) já faz 14 anos. Abandonadas, carentes e tendo muitas coisas em comum, se apaixonaram e vivem uma vida de casadas há doze anos.
No aconchego do ombro da parceira, M.S.A. fala sobre sua relação, que para algumas ainda é visto como um tabu, possibilitando entender o desprezo de uma pequena parte das internas pela íntima: “Eu prefiro mil vezes ficar aqui em uma cela com o “meu amor” do que receber alguém uma vez por mês em uma cama fria de cimento. Minha íntima é permanente” pontua.

A convivência e aceitação dos pares homossexuais, porém, quase sempre, só vale para quem está lá dentro. Se casos de intimidades ocorrem através de visitas, (o que é quase impossível) não é permitido, bem como visitas íntimas vindas da rua.

Íntima sem intimidade
Há ainda parte das reeducandas que rejeitam a visita íntima, talvez pelo constrangimento de atravessar pavilhões e alamedas na vista de outras, para ir ao encontro do parceiro, ou por conformidade de ter a certeza de que esta não ocorrerá.
E a tal privacidade?
Outro fator, que contribui para a união de duas mulheres, pois além de “se livrar” do já caracterizado e sabido abandono, a privacidade numa cela em que mora apenas duas ou quatro é muito maior, do que em dia de visita íntima. Uma vez que, na porta que dá acesso à ala de “x” para as íntimas, ficam guardas e o chamado “terror das sinetas” também tocam, ao menor ruído…
 Fonte: http://www.eunanet.net/beth/news/topicos/homossexualismo_na_cadeia.htm

Em dia de visita nos Presídios de Mulheres

As visitas, para os que estão na condição de pessoa presa diferem. Os que estão em Presídios, recebem seus parentes, sob normas limitadas, que se estendem em regras sem exceções, e vai desde os dias determinados para o contato, às vestimentas com respectivos acessórios, calçados dos visitantes, número de visitas, lista de rol autorizado e determinado pela pessoa reclusa, e produtos a serem entregues pelos visitantes aos visitados (o chamado “jumbo”).
Já para quem se encontram em delegacias, as normas (embora não menos rígidas) são diferentes e variam.
No presídio, a pessoa detida, apresenta uma relação de no máximo oito visitantes autorizados a visitá-la “rol de visitas”. Esta lista dá direito á visita, apenas aos familiares com parentesco de primeiro grau, que são cadastrados e “checados” junto ao Instituto de identificação, para certificação de que a pessoa relacionada, não esta em cumprimento de pena, ou se esquivando de possível mandato de prisão, sendo foragido (a).
Quando se trata de pessoa estrangeira, ou abandonada pelos familiares, o rol pode ser alterado de acordo com a complacência da Direção geral da unidade, podendo então dar permissão a duas pessoas comprovadamente amigas, a entrar no presídio.
A cada visita, (quase sempre aos domingos) apenas duas pessoas podem visitar seus parentes. Em se tratando de crianças, estas precisam estar acompanhadas de pessoas de maior idade e ás vezes, necessitam apresentar autorização expedida pelo juizado da vara da infância e juventude. Apesar de as visitas ficarem restritas aos domingos, o chamado “jumbo” pode ser postado durante os dias da semana, em horários que normalmente vão das 09h00min até as 16h00min h.
O “jumbo” é totalmente revistado na frente da pessoa que esta enviando, enquanto cada item já checado é relacionado em uma ficha em três vias.
No final da checagem completa e relatada dos pertences deixados, a pessoa que transportou e acompanhou a vistoria, assina a cópia do que pediu para ser encaminhado para a pessoa detida (Jumbo) fica com uma cópia, a segunda via vai junto com as compras para que o “beneficiário” confira e a terceira, fica no setor responsável.
Embora não seja proibido, o mais sensato e recomendado inclusive pelos funcionários das unidades é que evitem levar “jumbo” em dia de visita e sim alimentos prontos (em refratários plásticos) sobremesas e refrigerantes (garrafas pets). Isso para evitar a demora em filas de “revista”, e dar mais durabilidade de permanência junto à pessoa visitada.
Normalmente, a mulher quando ingressa no sistema prisional, passa de dez ou quinze dias às vezes até trinta, para sair do R.O. (Regime de Observação) em algumas unidades é conhecido como “escolinha”. No R.O. as reeducandas, normalmente tomam ciência das normas da unidade, o que é plausível de punição, ou seja, o que dentro da cadeia é considerado contravenção e mesmo não sendo ainda sentenciadas, são alertadas para as punições aplicadas em caso de faltas.
As faltas dividem-se em duas: Faltas Leves e Gravíssimas. Sendo que as de teor grave (entre estas, o uso de aparelho celular) podem levar a reeducanda para o castigo mais “pesado” dentro da realidade carcerária, principalmente a feminina, que é ou o RDE ou RDD. Assim sendo, mesmo sem ter culpa configurada, a falta grave pode e leva a “contraventora” ao Regime Diferenciado.
Não são todas as Penitenciárias que aderem o R.O., porém, este é um percurso inicial recomendável, até para as reincidentes, a fim de se adaptarem a dinâmica da unidade prisional e a realidade que passará a viver.
Em razão deste procedimento, as visitas de parentes, também se restringem até a nova reclusa sair do R.O. e ir para o convívio com as demais encarceradas.
O fato de não poder receber visita e estar fora do “convívio” geral, não impede que a acusada receba “Jumbo” que pode ser depositado na unidade por qualquer pessoa maior de dezoito anos, desde que os pertences/compras a serem entregues, estejam dentro da relação de itens permitidos pelo sistema penitenciário.

Mulheres que não recebem visita
Para as Mulheres que não recebem visita, o final de semana é o “mais pesado” no transcorrer do tempo em que cumpre pena.
Pelo fato de algumas terem seus parentes sempre presentes, acabam recebendo alimento que normalmente é dividido no final da visita entre as parceiras de cela. Porém, há os casos de “x” (cela/xadrez) em que nenhuma das reeducandas recebem nada, assim sendo, passam o dia inteiro até anoite sem alimento algum.
Em situações conflitantes, em que o desespero se faz latente, não é difícil encontrar uma mulher, vasculhando um latão de lixo, em busca de alimento.
Mesmo passando quase vinte e quatro horas, sem se alimentarem, as “abandonadas” recebem um único lanche no no horário do jantar. Quase sempre é servido um pãozinho adocicado com uma “salsicha rosa,” “uma fatia de mortadela” ou “geléia/patê” não “identificado” pelo paladra…
“A ração do domingão”.
Estes fato, tornou-se um procedimento normal, uma vez que, (entre outros) serve para enxugar despesas e desperdícios, com uma minoria que se abastece de produtos vindos de fora. Em dia de visita, o lanche, tornou-se habitual, onde algumas o apelidaram de “ração do domingão”.
Enfim,
a cena mais triste, em um dia de visita é a hora que (quem esta de fora) presencia a despedida da reeducanda com seu(s) visitante(s). É impossível conter as lágrimas, pois estas vertem de filhos, mães, filhas, pais e principalmente das que ficam…
Quando uma pessoa é acusada de um delito e encarcerada, automaticamente, acaba carregando para dentro do cárcere também seus familiares. Por mais que se negue, e seja por deveras injusto, a realidade é que a discriminação se estende por quem não entende aos parentes e pessoas próximas.
Como se o sofrimento da família já não fosse o suficiente, este se agrava quando se vai a uma visita num presídio, principalmente em dia do chamado “plantão sujo.” Há toda uma formalidade para que seja permitida a entrada de um visitante em um Presídio (o que é normal). Porém, não se atentando ao fato de que todas as formalidades foram devidamente preenchidas, razão pela qual a visita se faz presente, tem funcionários que não se limitam e sem qualquer receio, tendem a tratar de forma desumana os que na fila esperam para adentrar os presídios.
Dificil Visita

Como se acusados e visitantes, fossem todos já sentenciados e respectivamente pelo mesmo crime, são indignamente recebidos. Havendo um total desrespeito e descaso que se alastra, sem qualquer importância em separar crianças, mulheres e idosos, estes são em diversas unidades e sem quaisquer razões “marcados”.

No entanto, há determinados dias, em que a visita parece impraticável, se em plantão normal, já existe uma minuciosa revista e esta nada agradável, em dia de “plantão sujo” a coisa piora. O plantão sujo é o dia (que como se fosse proposital), funcionários desgostosos com salário, trabalho, condições e latente discriminação, formam um turno para trabalhar.
Como se todos os erros da humanidade, brotassem pelas mãos das visitas, estes funcionários, são os que mais rotulam, castigam, ofendem e minimizam familiares, aplicando pena dupla a quem esta nos cárceres, (mesmo que seja apenas pessoa acusada, sem sentença penal condenatória transitada em julgado) imputando culpa a todos sem distinção.

Por incrível que pareça, a Mulher, mesmo na condição de visita, acaba sofrendo muito mais, assim como a Mulher encarcerada. Normalmente a revista que já é degradante, torna-se ainda pior, quando a voz autoritária e em tonalidade alta, sem distinção ecoa, colocando as mulheres, que às vezes, são mães indo visitar filhos, e crianças que vão visitar pais/mães detidos.

Se a pessoa visitante desconhece o dia de “plantão sujo” ou não tem outro dia para levar “jumbo” (compras e agasalhos) a situação piora. Primeiro a visita passa pelo balcão de revistas dos pertences, sendo que o proibido (como desodorante spray, só entra aerosol ou rolon, chaves, frutas cítricas, enfim) fica quase sempre em armarinhos ou aos cuidados de quem esta no balcão que entrega uma senha para a retirada do que fora deixado.

Neste dia, para evitar insultos deve ser evitado pacotes de balas, bolachas e chocolates, pois os agentes não silenciam e no mínimo exclamam: -“Você pensa que aqui é a ‘gozolândia’? Não é não! Isso é cadeia, falo”? –Revela Dona Mirtes que vai sempre que possível visitar sua filha, acrescentando: -“Eu sei que nem sempre as pessoas precisam estar de bom humor e sei também que o salário deles é ruim como o nosso. A vida afinal é difícil pra todo mundo. Mais a gente não pode pagar pelos erros do mundo. Sabe, eu sei que tem gente que traz coisas que a gente nem sabe se é pra comer ou usar, mais eu não e a maioria que vem aqui também não tem facilidade na vida. Acho injusto maltatar todos nós, se a minha filha errou, já esta pagando”… Lamenta.

Passado o balcão das revistas referentes ao Jumbo, às visitas passam por detector de metais (quase em todas as Penitenciárias é assim) então, vão para a salinha da revista pessoal. Lá se tira todas as peças de roupa e estas vão sendo entregues nas mãos das funcionárias (no caso de revista feminina), uma por uma. Depois, a visitante tem que jogar os cabelos para frente, abrir a boca, levantar a língua, agachando e levantando no mínimo três vezes. Existem revistas ainda piores, ou seja, mais profundas…
Banquinho eletronico
Modelo de um Banquinho eletrônico Por: Elizabeth Misciasci

Fora todo esse processo, ainda há as Penitenciárias que utilizam o “banquinho”, ou seja, banquinho eletrônico que detecta a presença de corpos estranhos no organismo.

O “banquinho” detector não é usado apenas na revista de visitantes, mais também na vistoria de reeducandas. As pessoas têm de ficar só com as peças íntimas e sentar no banco por alguns minutos. Embora haja dias, em que a “respectiva sentada” se faz sem nenhuma peça de roupa.

O “banquinho” possui um dispositivo dentro do assento gera um campo eletromagnético que detecta metais, como os que existem em celulares. O alarme então começa a soar e a piscar luzes. No entanto, ele não é o bastante para evitar a “revista”, pois não conseguem detectar drogas, apenas equipamentos metálicos.
“Olha fia a gente passa vergonha e fica com nojo, tem dia que o pessoal ta muito bravo e além de faze nóis senta pelada, ainda não bota papel, já cheguei a chorá”. –Comenta Dona Ana que por ir visitar a neta quase que semanalmente, nos impede declinar identidades e unidade prisional.

Há várias formas de relatar como é a “vida” numa Penitenciária Feminina. Por serem casos isolados, dentro de um sistema penitenciário variado, me possibilitou, (enquanto pesquisadora, escritora e posteriori presidente do Projeto zaP!) conhecer, ouvir e perceber a existência (não só no que trata a sobrevivencia), mais o cotidiano e parecer sob a ótica de cada uma delas. Sem dúvida alguma, posso afirmar que a “sobrevivência” e a posição destas, se divergem. Assim sendo, a Vida das Mulheres na condição de pessoa presa, não é vista, vivida, nem sentida de forma similar.
Diante de um sistema prisional construído por homens e para homens, as mulheres enfrentam situações específicas e graves. Neste quadro onde as condições ainda são pouco discutidas pelo poder público e praticamente desconhecidas pela sociedade em geral, uma imensa “fatia” tenta sobreviver.
Em tese as mulheres que estão aguardando julgamento, são as que enfrentam as piores condições. A superlotação e os relatos de maus-tratos são mais freqüentes. A assistência médica e jurídica é precária e quase não há trabalho remunerado que lhes permita obter a remição de pena (onde três dias trabalhados dão remissão a um dia de cumprimento na pena).

Sem nenhuma pretensão nem regionalismo, posso contar, recontar os milhares de fatos, relatos, desabafos e confidências que testemunhei. Talvez, pelo próprio vínculo de amizade que inevitavelmente criei e crio com muitas (a maioria) delas, sempre tive e tenho maior acessíbilidade aos acontecimentos cotidianos. Assim também se dá, nas variadas formas que estas mulheres encontram para demonstração (ou ocultação) de sentimentos e a maneira como algumas driblam e sobrevivem dia a dia encarceradas.

Pelo fato de termos muitas mulheres detidas em regiões diferentes, onde a cultura, a formação familiar, a formação educacional, a religião, a condição de maternidade ou não, as muitas estrangeiras, as que possuem relações afetivas fora dos cárceres, as casadas, as que são “laranja” as que são da “turma do vai pra onde o vento sopra” as do crime, e as do crime mais integrantes de algum partido “comandos” fazem com que cada qual passe suas experiências, de forma exclusiva, sendo totalmente pareceres pessoais.

De qualquer forma, e sem rótulos, quase sempre é assim…

Há as que preferem o cárcere, e se apegam a este, como de fato sua casa. Estas não demonstram desconfortos e quando podem relatam -“não quero sair daqui”.
Há, as que morrem a cada dia. Não conseguem conviver com o cotidiano, apenas suportam em silêncio as medidas disciplinares “pesadas”, as violências praticadas entre parceiras, as violências sofridas e praticadas por agentes, a falta de emprego, ou a exploração, a alimentação precária e o difícil período menstrual.
Há as que “fingem” que há uma multidão do lado de fora das muralhas esperando que saiam. Mais, na verdade, estas há muito foram literalmente abandonadas.
Há as que dizem: -“estou bem, melhor do que na rua”… Se comparada a vida que levavam. Estas, agradecem as amigas, a cama, a parceria, a comida e a “pousada”.
Há as meticulosas, que passam o tempo arquitetando e colocando em prática seus bárbaros projetos. Sejam estes para vingança pessoal ou de “parceiras”.
Há as que encontram na cadeia seu par. E vivem o tempo no cárcere, alimentadas de Amor (ou de muita briga) que chegam as vezes aos “extremos” e até fatais…
Há as que trabalham tanto, que só querem chegar em suas celas no final da tarde, para dormir. Pois assim o tempo passa mais rápido.
Há, as que mães, tiveram nos cárceres seus filhos e por estes sofrem do início ao fim.
Há as que gostam da denominação “ela é bandida” e há as que se envergonham de estar ou terem estado nos cárceres.
Sendo o inferno ou o conformismo diante de uma única opção, o fato é que as condições quase sempre, são desumanas e cruéis. Seja a visão de cada uma, reflexo de experiências boas ou ruins vividas nas ruas é certo que não são tratadas como Mulheres. Por mais que se esforcem os gestores de cada prisão, para amenizar problemas e proporcionar boa permanencia carcerária, não existem unidades criadas para aprisionar o feminil nem tão pouco manter de forma que atenda as necessidades que o sexo feminino exige. Assim, desconhecedoras dos direitos onde uma parcela razoável, adentrou muralhas vindas de um submundo, o pouco, muito vezes degradante é o tudo que ainda resta.
Contudo, um fator é comum: 99%, sofrem literalmente a Nível Nacional o latente abandono!
*Nota:- Por Elizabeth Misciasci O texto pode ser copiado, reproduzido, acrescentado em teses, artigos e tccs, trabalhos, pesquisas, desde que não seja alterado, nem mudado o teor e mencionada a autora, endereço e fonte.

NEGRIARA

A polícia de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, está à procura de dois suspeitos que mataram um trocador de ônibus a tiros nesta quarta-feira (21), no bairro Bonsucesso II.

Segundo militares do 36º BPM, testemunhas contaram que a dupla, que estava em uma moto, se aproximou da vítima e a baleou várias vezes. Após o crime, os suspeitos fugiram.
De acordo com a polícia, o trocador, que estava indo para o trabalho, não resistiu aos ferimentos e morreu antes de ser socorrido. Motivação do crime ainda é desconhecida.

Suspeito de homicídio usa nome do irmão para não ser preso em Vespasiano

 Um jovem de 23 anos foi preso por falsidade ideológica nesta quarta-feira (21), em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Civil, o rapaz que foi flagrado com entorpecentes e que tinha mandados em aberto por tráfico de drogas e homicídio, usou o nome do irmão, que não tem antecedentes criminais, para não ser preso.

Conforme a polícia, durante entrevista para ser liberado, o suspeito acabou informando seu nome correto e encaminhado para uma delegacia da região.

Preso em flagrante, o jovem ficará à disposição da Justiça na Cadeia Pública de Vespasiano.

NEGRIARA

Grupo que executou os quatro jovens, com idades entre 17 e 20 anos, segundo investigação, queria demonstrar força

Renato Cobucci

Chacina Vespasiano

Policiais observam local em Vespasiano, onde foram empilhados os quatro corpos executados

A polícia vai investigar a possilidade de que a chacina de quatro homens que foram encontrados mortos no final da noite desta quarta-feira (22), em uma estrada secundária do bairro Morro Alto, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, possa estar ligada a uma guerra por poder e espaço para o tráfico de drogas na região.

A informação foi fornecida por um oficial da Polícia Militar que está lotado no 36º Batalhão e que trabalha no município há muito tempo e não quis se identificar. Ele acredita que os quatro homens assassinados, aparentemente por estrangulamento e enforcamento, possam ter sido eliminados por integrantes de algum grupo de criminosos que quer aumentar seu poder.

Os quatro homens mortos, com idades entre 17 e 20 anos, foram localizados pouco depois das 22 horas de quarta-feira e estavam empilhados uns sobre os outros, em um canto de uma estrada secundária que liga as rodovias estaduais MG-424 e MG-010, no Bairro Jardim da Glória, Região do Morro Alto.

Um homem não identificado telefonou para a Central de Operações da Polícia Militar e denunciou a existência, no local, de um desmanche de veículos roubados ou furtados ao lado de um bota-fora de restos de construções e ossadas de animais mortos.

Segundo o estranho, a polícia poderia surpreender alguns homens envolvidos no desmanche porque eles estavam em ação naquela noite. Uma guarnição da 180ª Cia Independente da Polícia Militar foi para o local indicado e, ao chegarem, os militares não viram nenhum sinal de desmanche, mas acabaram encontrando os quatro corpos empilhados. Para a polícia, o estranho que fez a denúncia, queria, na realidade, apontar o lugar onde estavam os quatro corpos.

O major Nilton Roberto, comandante da unidade policial, disse nesta quinta-feira (23) que nenhuma droga ou arma foi apreendida no local e nas buscas feitas foram encontrados um celular, um carregador de celular e um doce de amendoim. Para ele é grande a possibilidade de que os quatro homens tenham sido assassinados em outros lugares e levados, mortos, para o trecho rodoviário deserto onde foram abandonados.

Chacina Vespasiano
Denúncia inicial era de que no local havia um desmanche, entretanto, encontraram quatro corpos enforcados (Foto: Renato Cobucci)

Perícia nos corpos

Esse oficial acrescentou que, no local, peritos da Criminalística não encontraram nenhum ferimento de tiro ou de faca, nos quatro corpos. Além das marcas características de estrangulamento e enforcamento no pescoço, os mortos tinham ferimentos nos rostos, denunciando que teriam sido espancados. Esses detalhes levam a polícia a admitir, também, a hipótese de que os quatro homens assassinados tenham sido vítimas de uma vingança.

Os mortos ainda não foram oficialmente identificados. Um deles era de cor parda, magro, cabelos tipo moicano, usava brincos e tinha uma tatuagem, G-3 em um braço. Outro morto, moreno, cabelos crespos, usava bermudas com estampas cor laranja e tatuagem com os dizeres “Deus é fiel”, no braço esquerdo, enquanto o terceiro corpo era de um homem que tinha uma tatuagem de um dragão na perna esquerda e era moreno, cabelos crespos e magro. O quarto homem assassinado era de cor morena, cabelos crespos, usava anéis nas mãos e uma bermuda com as cores preta, azul, branca e cinza. Na panturilha da perna direita  tinha uma tatuagem de um palhaço.

Militares de Vespasiano disseram que algumas pessoas envolvidas com crimes costumam usar esse tipo de tatuagem como forma de ofender a polícia.
O município de Vespasiano foi apontado como um dos mais violentos da Região Metropolitana de Belo Horizonte, de acordo com informes de pesquisas divulgados no mês passado, pela Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds). Nesse município aconteceram 47 homicídios em 2.010, enquanto que, no ano passado, a estatística apontou 82 ocorrências de assassinatos

NEGRIARA

Um funcionário de empresa de tratamento de redes de esgoto, que trabalhava na Avenida Existente, no Bairro Morro Alto, foi quem chamou a polícia
 Do Hoje em Dia – 26/07/2011 –
Um feto foi encontrado, na manhã desta terça-feira (26),  dentro de uma estação de esgoto em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo militares do 36°Batalhão da Polícia Militar, um funcionário de uma empresa de tratamento de redes de esgoto, que trabalhava na Avenida Existente, no Bairro Morro Alto, chamou a polícia. O homem teria dito que havia encontrado um feto. Os policiais foram até a estação e confirmaram a denúncia. A perícia foi acionada e o corpo será encaminhado para o Instituto Médico-Legal (IML). Os militares ainda não tem informações sobre a mãe ou as circunstâncias da morte do feto. 
Extraído do Jornal Hoje em Dia

NEGRIARA
 

Entre os suspeitos, está uma adolescente de 17 anos que foi flagrada no Bairro Morro Alto
26/07/2011 – 11:40
Dois homens foram presos e um menor apreendido com drogas, armas e até um colete a prova de balas. O trio foi flagrado, na noite de segunda-feira (25), em Vespasiano, Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com informações de militares do 36°Batalhão da Polícia Militar, o trio estava em uma casa no Bairro Morro Alto quando foi surpreendido pelos militares. Na residência foram encontrados mais de um quilo de cocaína, um tablete de crack, de aproximadamente  dois quilos, um revólver calibre 32, munição, um carregador de pistola 9 mm, duas balanças de precisão, celulares, várias porções de cocaína e crack embaladas para a venda, além de um colete a prova de balas e R$ 66,45 em dinheiro.
Ainda segundo os militares, Devair José de Moreira, 28 anos, e Lucas Alves de Paula, 18, uma menor de 17 anos foram detidos. De acordo com a PM, todos foram encaminhados para a 3ª Delegacia de Polícia Civil de Vespasiano. 

Publicado: 02/03/2010 em Iara Félix, Morro Alto

Deputados querem negociação da Cohab com famílias do Morro Alto

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deslocou-se até a Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (Cohab-MG), na tarde desta terça-feira (3/7/07), para intervir em favor de centenas de famílias ameaçadas de despejo no Conjunto Morro Alto, em Vespasiano. O presidente da Comissão, deputado Durval Ângelo (PT), e o deputado João Leite, pediram renegociação individual com as famílias inadimplentes, e se comprometeram a atuar politicamente para que não sejam despejadas.

O presidente da Cohab, Teodoro Lamounier, fez um histórico da situação. Desabrigados pelas enchentes de 1983 foram retirados das margens do Ribeirão Arrudas e transferidos para esse conjunto localizado em Vespasiano, assinando um contrato de financiamento habitacional que lhes dava o benefício de cinco anos sem pagar prestação. Muitos não quiseram ir. Outros se mudaram pouco tempo depois, transferindo o imóvel informalmente para novos ocupantes.”A situação atual, decorridos 24 anos, é que a maioria não são os mutuários originais. Das 1.676 unidades, 477 estão com os contratos quitados e 426 famílias estão em dia com as prestações. A dívida dos 516 inadimplentes, sem juros de mora, soma R$ 28 milhões. Há 350 mutuários que não pagam há mais de seis anos”, informou Lamounier. O deputado João Leite, embora reconhecendo que a Cohab não pode abster-se de cobrar na Justiça, propôs um entendimento mais favorável com as famílias devedoras.

Negociação com os atingidos da Linha Verde foi democrática

Questionados pelos deputados, os técnicos da Cohab informaram que a prestação média dos devedores é de R$ 28, mas algumas chegam a R$ 400, alcançando esse valor no início da década de 90 pela combinação perversa entre inflação desenfreada e arrocho salarial. O deputado Durval Ângelo deu exemplos de vários casos de reajustes por critérios absurdos, e lembrou que as famílias foram transferidas sem negociação. “Hoje precisamos negociar em tempos de democracia, como fizemos na Linha Verde, em que os direitos e o livre arbítrio foram respeitados”.A líder comunitária Edméia Souza  ponderou que, na época, os moradores das margens do Arrudas foram transferidos para o Morro Alto em caminhões do Exército, sem direito de protestar, e argumentou que o dinheiro para remoção de mocambos, favelas e palafitas vinha a fundo perdido do governo federal. Ela quer condições favoráveis para quem puder quitar os financiamentos e anistia para os que não tiverem condição nenhuma.Os deputados deixaram claro que não defendem o calote, mas que advogam em favor dos mais pobres. Quem puder pagar, que seja cobrado na Justiça. Saíram da reunião com a promessa de que, durante a negociação individual, as ações de despejo ficam suspensas. Ocorrendo o pagamento, serão anuladas.